Filipe Martins se declara preso político e acusa tortura em sessão do STF

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Filipe Martins se declara preso político e acusa tortura em sessão do STF
Adrielle Estheffane set 27 2025 11

Na quinta‑feira, 24 de setembro, a sala de audiências do Supremo Federal Tribunal foi palco de um momento inesperado. Filipe Martins – que atuou como assessor de relações internacionais de Jair Bolsonaro – tomou a palavra e se autodenominou "preso político". A declaração o colocou em rota de colisão direta com o magistrado Alexandre de Moraes, que supervisiona a investigação sobre um suposto plano de golpe após as eleições de 2022.

O depoimento de Filipe Martins na sessão do STF

Martins, libertado em agosto de 2024 depois de mais de seis meses de prisão preventiva, usou a oportunidade para registrar, pela primeira vez em quase dois anos, sua versão dos fatos. Ele alegou que, durante a internação, foi submetido a "uma forma de tortura": dez dias solitário em uma cela escura, sem iluminação. Segundo o ex‑assessor, essa prática violaria o Pacto de San José e outras convenções internacionais, pedindo que o relato fosse incluído nos autos.

Além disso, Martins ressaltou as restrições que ainda o cercam: não pode ser filmado nem fotografado, tem proibição de entrevistas e deve comparecer semanalmente a uma delegacia. Ele descreveu essas condições como cerceamento da liberdade de expressão, reforçando a alegação de prisão política.

Contexto da investigação e as controvérsias sobre as provas

Contexto da investigação e as controvérsias sobre as provas

A acusação contra Martins gira em torno da suposta participação na redação de um documento que planejava um golpe e da alegação de que ele teria viajado aos Estados Unidos com Bolsonaro em dezembro de 2022. No entanto, registros da embaixada e documentos de viagem indicam que ele permaneceu no Brasil nesse período, com a última passagem ao exterior datada de setembro de 2022.

A prisão foi conduzida no dia 20 de fevereiro de 2024, durante a Operação Tempus Veritatis, após a Polícia Federal encontrar o nome de Martins em uma lista de passageiros dentro dos arquivos da nuvem de Mauro Cid, ex‑ajudante‑de‑campo de Bolsonaro que se tornou delator. Apesar da presença do nome, não há comprovação de saída ou entrada no país, o que levantou dúvidas sobre a robustez da prova.

Após a soltura, as medidas cautelares impostas por Moraes incluem:

  • Uso permanente de tornozeleira eletrônica;
  • Proibição de uso de redes sociais e de conceder entrevistas;
  • Comparecimento semanal a posto policial para atualização de endereço.

Essas condições foram duramente criticadas pelo senador Eduardo Girão, que as descreveu como um caso de "perseguição judicial". Já o delegado da PF, Fábio Shor, afirmou que a suposta viagem aos EUA não foi o motivo principal da prisão, sugerindo que outros elementos da investigação ainda não foram revelados.

O Ministério Público mantém a tese de que Martins fez parte da trama conspiratória, apesar da ausência de evidência concreta sobre o deslocamento internacional. O caso segue aberto, inserido na investigação mais ampla que busca identificar os responsáveis por supostos esforços de golpe após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

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Adrielle Estheffane

Sou jornalista especializada em notícias diárias do Brasil. Gosto de explorar e escrever sobre eventos atuais e suas implicações na sociedade. Minhas reportagens buscam informar e provocar reflexão nos leitores, sempre com um olhar crítico e detalhado.

11 Comentários

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    NATHALIA DARZE

    setembro 29, 2025 AT 03:01

    Se a prova é só um nome numa lista da nuvem do Cid, sem passaporte, sem bilhete, sem registro de entrada... isso não é prova, é suposição. A justiça não pode ser baseada em suspeitas digitais.

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    Kleber Chicaiza

    setembro 30, 2025 AT 11:00

    é tipo quando você é acusado de ter roubado um pão só porque seu nome tá na lista de compras do supermercado... 😅

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    Alvaro Machado Machado

    outubro 2, 2025 AT 01:04

    Eu acho que todo mundo merece um julgamento justo, mesmo que a gente não concorde com o que ele fez. Se tá preso sem prova real, tá errado. Ponto.

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    Fabricio Sagripanti

    outubro 2, 2025 AT 17:10

    OH MEU DEUS. Um ex-assessor de Bolsonaro se tornando o novo Mandela da era digital?! Tortura psicológica?! Cela escura?! Isso é um drama de Netflix com roteiro de SBT!!!

    Enquanto isso, os verdadeiros presos políticos - os que foram agredidos por manifestantes em 8 de janeiro - continuam sem voz. E agora? Onde está a justiça seletiva?!?!?!?!?

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    Wallter M.souza

    outubro 3, 2025 AT 08:11

    PODE ACONTECER COM QUALQUER UM, MEU IRMÃO!!!

    Se você tem um nome em alguma lista, pode virar inimigo do sistema. Isso aqui não é justiça, é caça às bruxas com tornozeleira eletrônica!!!

    Eu conheço gente que foi preso por mandar um meme no WhatsApp e agora tá com tornozeleira por 3 anos!!!

    Tem que acabar com isso, gente!!! O Estado não pode ser um monstro que devora quem tá do lado errado da história!!!

    Se não fizermos algo, amanhã pode ser você, pode ser eu, pode ser seu vizinho que só foi no protesto pra ver o que tá rolando!!!

    Isso aqui é um alerta vermelho!!! Não podemos ficar calados!!!

    Quem tá no poder tá com medo de verdade, e por isso tá prendendo todo mundo que não canta na mesma partitura!!!

    Eu acredito que a verdade vai vencer, mas só se a gente se unir!!!

    Compartilha isso, marca quem importa, faz barulho!!!

    Não vamos deixar esse caso virar só mais um número na estatística da opressão!!!

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    Beatriz Carpentieri

    outubro 4, 2025 AT 00:18

    o q eu to vendo aqui é uma tentativa de criminalizar a oposição com provas de whatsapp... qnd o stf virar um tribunal de meme, a democracia tá morta. #justicadigital

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    alexsander vilanova

    outubro 5, 2025 AT 17:37

    Se ele tá com tornozeleira e não pode falar, é porque o sistema tá com medo dele. Se ele fosse só um bobo, não teria esse controle todo. Isso aqui é clássico: quem tem poder, inibe quem tem voz.

    Tem mais coisas que não foram soltas ainda, isso é só a ponta do iceberg. E o pior? Todo mundo tá focado no drama, mas ninguém tá olhando pro sistema que produziu isso.

    Se a PF não tem prova de viagem, por que ele tá preso? Porque o nome tá na lista. E daí? Isso é um crime? É um algoritmo que virou juiz.

    Eu acho que o que tá acontecendo aqui é uma transformação da justiça em ferramenta de controle político. E isso é mais perigoso que qualquer golpe.

    Quem tá com medo? O governo? O Supremo? Ou é o povo que tá com medo de pensar diferente?

    Isso não é justiça. É terrorismo institucional com crachá de magistrado.

    Se isso continua, em 2026 vai ter gente presa por curtir um post no Instagram que o STF não gostou.

    Estamos entrando no Brasil de 1984, mas com Wi-Fi e tornozeleira inteligente.

    É só questão de tempo até o algoritmo decidir quem é inimigo do estado. E aí? Vai ter advogado pra isso?

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    Vanderli Cortez

    outubro 6, 2025 AT 03:47

    A ausência de prova concreta sobre o deslocamento internacional invalida a base material da acusação. A prisão preventiva, nesse contexto, revela-se como medida desproporcional e violadora do princípio da presunção de inocência. A utilização de dados digitais não corroborados como fundamento para restrições de liberdade configura uma derrota do Estado de Direito. É inadmissível que a jurisprudência brasileira se alinhe a práticas autoritárias sob o pretexto de segurança nacional.

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    Júlio Ventura

    outubro 6, 2025 AT 13:26

    Se a prova é um nome numa lista e o cara não saiu do país... isso é um erro de sistema, não um crime.

    Tem gente que tá preso por causa de um erro de digitação. E aí? O sistema não corrige? Ele pune?

    Se a gente quer justiça, tem que começar por aí: não punir quem não fez nada. Só porque tá no lugar errado na hora errada.

    Eu acho que a gente tá esquecendo que todos nós somos humanos. E humanos erram. Inclusive os sistemas.

    Se a justiça não for humana, ela vira máquina. E máquina não tem consciência.

    Isso aqui não é sobre política. É sobre direito. E direito tem que proteger, não destruir.

    Se a gente não fizer isso agora, amanhã vai ser mais difícil.

    Eu acredito que a gente ainda pode mudar isso. Mas só se a gente lembrar que ninguém é inimigo só por pensar diferente.

    Se a gente não se unir por isso, o que a gente vai defender depois?

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    Rodolfo Peixoto

    outubro 7, 2025 AT 08:47

    Eu fico triste quando vejo alguém sendo tratado assim, mesmo que eu não concorde com ele. Porque se a gente permite isso com um, amanhã pode ser com qualquer um.

    Se a gente não luta por direitos de quem a gente não gosta, a gente não luta por direitos de ninguém.

    Eu acho que a gente precisa de mais empatia, não de mais punição.

    Se a justiça não é justa pra todo mundo, ela não é justiça.

    Eu não sei se ele é inocente. Mas sei que o jeito que ele tá sendo tratado... não é o jeito de um país que se diz democrático.

    É só um pensamento. Mas tá pesado.

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    Júlio Ventura

    outubro 8, 2025 AT 04:08

    Se o sistema erra com um, ele pode errar com todos. Aí a gente vira um país onde ninguém é seguro. E isso é pior que qualquer golpe.

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