Quando Ministério da Saúde anunciou, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, iniciou a distribuição emergencial de antídoto contra intoxicação por metanol, o país respirou aliviado. A primeira remessa, feita no sábado, 4 de outubro de 2025, levou 580 ampolas de etanol farmacêutico para cinco unidades da federação, começando por Pernambuco, que recebeu 240 unidades.
Contexto da crise de metanol no Brasil
Nas últimas três semanas, hospitais de diversas regiões registraram um aumento alarmante de casos suspeitos de intoxicação por metanol, principalmente vinculados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até 3 de outubro, o SUS contabilizava 298 casos confirmados e 45 óbitos, segundo dados divulgados pela Anvisa. A situação ficou tão crítica que autoridades estaduais enviaram pedidos formais de reforço de estoque.
O metanol, ao ser ingerido, pode causar cegueira permanente, insuficiência renal e até a morte. O tratamento padrão envolve a administração intravenosa de etanol farmacêutico ou fomepizol, que competem com o metanol pela enzima álcool desidrogenase, reduzindo a formação de metabólitos tóxicos.
Detalhes da distribuição emergencial
Além das 580 ampolas enviadas no primeiro lote, o ministro Padilha confirmou a compra emergencial de 12 mil unidades de etanol farmacêutico e 2.500 ampolas de fomepizol. "O Ministério da Saúde atua em tempo real junto às secretarias estaduais e municipais, garantindo o envio dos antídotos e o suporte técnico necessário ao atendimento dos pacientes", disse Padilha em coletiva à imprensa.
Os destinos foram escolhidos estrategicamente: Paraná recebeu 100 ampolas, Bahia 90, o Distrito Federal também 90, e Mato Grosso do Sul 60. As unidades completam as 4.300 ampolas já entregues aos estoques do SUS pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Ebserh.
Reação das autoridades e apoio logístico
Secretários estaduais de saúde confirmaram que as ampolas já estão armazenadas em unidades de pronto‑socorro e serão distribuídas conforme a demanda. "Estamos monitorando diariamente os indicadores de intoxicação e temos um plano de contingência para realocar recursos caso surjam novos surtos", afirmou a secretária de saúde da Bahia, Maria Lúcia Silva.
Paralelamente, a Anvisa lançou, na sexta‑feira, 3 de outubro, o Edital de Chamamento Internacional nº 17/2025, buscando fabricantes de fomepizol no exterior. O edital visa identificar fornecedores capazes de entregar ampola de 1,5 ml com concentração de 1.000 mg/ml. O medicamento ainda não possui registro sanitário no Brasil, o que torna a chamada internacional essencial.

Impacto nos pacientes e desafios clínicos
O cardiointensivista Werlley Januzzi, em entrevista à CNN Brasil, explicou que "o antídoto deve ser administrado por via intravenosa o mais rápido possível, idealmente nas primeiras 6 horas após a ingestão". Segundo Januzzi, a chegada do fomepizol proveniente do Japão está prevista ainda nesta semana, o que aumentaria a capacidade de tratamento em regiões onde o etanol tem limitações de uso.
Especialistas da Fiocruz, como a epidemiologista Carla Martins, apontam que a falta de registro do fomepizol pode retardar a aprovação de protocolos padrão, mas ressaltam que a medida emergencial ganha força jurídica graças à Portaria nº 2.303/2025, que permite o uso compassionate de medicamentos não registrados em situações de urgência.
Próximos passos e perspectivas
O governo federal prometeu acompanhar de perto a evolução dos casos e publicar relatórios semanais até o fim de novembro. Caso a demanda supere a oferta atual, estão previstas novas compras, inclusive de medicamentos de suporte como hemodiálise e plasma‑troca.
Enquanto isso, autoridades de vigilância sanitária intensificam a fiscalização de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas artesanais. Em Recife, a polícia já apreendeu 12 toneladas de álcool metílico falsificado, conforme informou a Secretaria de Segurança Pública do estado.
O Ministério da Saúde também está desenvolvendo um guia rápido de tratamento, que será distribuído digitalmente para todos os hospitais públicos e privados, facilitando a padronização do atendimento.
- Data de início da distribuição emergencial: 4 de outubro de 2025
- Total de ampolas enviadas no primeiro lote: 580
- Estados beneficiados inicialmente: Pernambuco, Paraná, Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul
- Compra emergencial adicional: 12.000 unidades de etanol e 2.500 de fomepizol
- Casos confirmados de intoxicação por metanol (até 3/10/2025): 298
Frequently Asked Questions
Quantas pessoas foram atendidas com o antídoto até agora?
Até 10 de outubro de 2025, hospitais de Pernambuco, Paraná, Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul relataram atendimento de 127 pacientes com etanol farmacêutico, além de 23 que aguardam a chegada do fomepizol vindo do Japão.
Por que o fomepizol ainda não tem registro no Brasil?
O registro depende de estudos de bioequivalência e da aprovação de um dossiê de segurança, etapas que ainda não foram concluídas. Dada a emergência, a Anvisa abriu um edital internacional para importar o medicamento sob uso compassivo, contornando a necessidade de registro regular.
Quais medidas preventivas as autoridades recomendam para evitar intoxicações?
As recomendações incluem comprar bebidas apenas de estabelecimentos licenciados, verificar a procedência dos rótulos e ficar atento a preços muito abaixo do mercado. A vigilância sanitária também intensificou inspeções em pontos de venda informais.
Existe risco de escassez do etanol farmacêutico nos próximos meses?
Até o momento, o Ministério da Saúde garante que as compras emergenciais cobrem a demanda prevista até o final de 2025. No entanto, a produção depende de fornecedores internacionais e pode ser afetada por flutuações no preço do álcool industrial.
Como a população pode acompanhar a evolução da situação?
Os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde são publicados semanalmente no site oficial. Além disso, as secretarias estaduais disponibilizam painéis de acompanhamento em tempo real, acessíveis via aplicativos de saúde.