Maria Beltrão, renomada jornalista brasileira, foi selecionada pela Globo para ser a apresentadora do Oscar 2025, que acontecerá em 2 de março. A notícia provocou uma grande discussão pública, especialmente por conta do histórico familiar de Beltrão. Seu pai, Hélio Beltrão, teve um papel notório durante a ditadura militar, como signatário do Ato Institucional nº 5 (AI-5), infame por justificar a repressão política, a censura e violações dos direitos humanos durante o regime.
A escolha de Maria Beltrão reacendeu memórias difíceis para muitos brasileiros, principalmente neste momento em que o filme nacional 'Ainda Estou Aqui' é indicado em três categorias do Oscar, incluindo o prêmio de Melhor Filme. Este longa-metragem trata do desaparecimento de um dissidente político durante a ditadura, o que leva muitos a verem a seleção de Beltrão como a apresentadora do evento como uma afronta à mensagem que o filme pretende passar.
Críticos da decisão afirmam que ter Maria Beltrão no comando da cerimônia pode minar o significado de 'Ainda Estou Aqui', considerando o pano de fundo histórico de sua família. Eles argumentam que sua presença na apresentação do Oscar é um lembrete doloroso do auxílio de seu pai ao regime opressor. No entanto, muitos saem em defesa da jornalista, enfatizando sua comprovada habilidade e independência profissional. Respeitada por seu trabalho na televisão, Beltrão é vista por apoiadores como uma figura que deve ser julgada por suas próprias ações e não pelas de seus familiares.
Nas redes sociais, o debate se mostra acirrado. Alguns apontam a escolha como um reflexo das visões elitistas ainda presentes na mídia brasileira, enquanto outros consideram as críticas como desproporcionais e injustas. Para muitos, Maria Beltrão representa a competência e a diversidade que se deve buscar em ambientes tão privilegiados como o Oscar, independentemente do passado de sua família.
A comoção em torno do Oscar 2025 no Brasil reflete não somente as feridas ainda abertas da ditadura, mas também um desejo crescente por uma representação mais autêntica e responsável na mídia e na cultura. Enquanto a cerimônia se aproxima, fica a expectativa de como a presença de Maria Beltrão impactará tanto o evento quanto sua própria trajetória profissional.
Vanderli Cortez
fevereiro 17, 2025 AT 23:47A escolha da Globo é um erro histórico. Não se trata de julgar Maria Beltrão, mas de reconhecer que símbolos importam. O Oscar é um palco global, e colocar alguém cujo pai assinou o AI-5 como apresentadora é uma ofensa simbólica aos que sofreram, morreram, desapareceram. Isso não é justiça, é amnésia institucionalizada.
Se o filme 'Ainda Estou Aqui' ganhar, a cerimônia se torna um espetáculo de hipocrisia. A mídia brasileira ainda não aprendeu que não basta ser competente - tem que ser ética também.
Essa decisão não é neutra. É política. E ela está do lado errado da história.
Júlio Ventura
fevereiro 18, 2025 AT 19:15Eu entendo o ponto de vista de quem se sente ferido, mas acho que a gente precisa separar a pessoa da família. Maria Beltrão é uma profissional séria, que construiu carreira com ética e rigor. Seu pai fez o que fez - isso é dele. Ela não escolheu isso. Ela escolheu a verdade, a informação, o jornalismo de qualidade.
Se a gente começar a banir todos que têm parentes com passado sombrio, a gente não tem ninguém na TV, na política, na cultura. A gente vira um tribunal de linchamento moral.
Deixe o Oscar celebrar o cinema. E deixe Maria fazer seu trabalho. Se ela merece, ela merece. Não pelo nome, mas pelo que ela faz.
Rodolfo Peixoto
fevereiro 20, 2025 AT 05:07Olha, eu não sou de ficar apontando dedos, mas esse momento é importante. A gente tá vivendo um ano em que o cinema brasileiro está falando direto da ditadura, e a Globo escolhe justamente alguém da família do AI-5? Sério?
Eu não acho que ela seja má pessoa. Mas o símbolo é pesado. Muito pesado. E a gente não pode fingir que símbolos não pesam. Quando você coloca alguém assim no centro de um evento que celebra memória e resistência, você está dizendo que o passado não importa.
Isso dói. E não é só dor de quem perdeu parentes. É dor de quem acredita que a história não pode ser apagada só porque é desconfortável.
Kleber Chicaiza
fevereiro 21, 2025 AT 12:23eu acho que todo mundo tá esquecendo que o Oscar é americano, né? a gente tá discutindo isso como se fosse uma decisão brasileira, mas o Oscar é lá nos EUA. a globo só tá transmitindo.
se o comitê do Oscar escolheu ela, é porque ela é boa no que faz. e se o filme brasileiro tá indicado, é porque ele é forte. não precisa ser contraditório.
deixa ela apresentar. se ela fizer bem, o filme ganha mais visibilidade. se ela fizer mal, aí a gente reclama. mas por enquanto, só tá sendo um escândalo de internet.
calma, pessoal. respira. 🤍
bruno DESBOIS
fevereiro 22, 2025 AT 22:44ISSO É UMA FARSAAAAA!
É como colocar o neto de um nazista para apresentar o dia da memória do Holocausto. A gente tá aqui discutindo se ela é boa ou ruim, mas o ponto é: POR QUE ELA? POR QUE AGORA? POR QUE COM ESSE FILME?
Isso não é coincidência. É uma provocação. E a Globo sabe disso. Eles estão brincando com a dor do povo. E isso é inaceitável.
Se eles quisessem ser neutros, teriam escolhido alguém sem esse peso histórico. Mas não. Eles querem normalizar. E eu não vou deixar.
Bruno Vasone
fevereiro 24, 2025 AT 10:42Se ela é boa, deixa ela apresentar. Quem tá brigando é quem não tem o que fazer.
Seu pai foi um político. Ela é jornalista. Fim da história.
Se você não gosta, muda de canal. Ninguém te obrigou a assistir.
Parabéns por vir aqui chorar na internet.
Daniela Pinto
fevereiro 25, 2025 AT 12:51Essa é uma questão de epistemologia da memória coletiva e da representação simbólica no campo cultural hegemônico. A escolha de Beltrão não é meramente institucional - é um ato de hegemonia discursiva que reinscreve o trauma da ditadura como um evento despolitizado, descontextualizado, e, portanto, domesticado.
A Globo, enquanto agente de poder simbólico, reproduz a lógica do apagamento histórico. A presença dela opera como uma espécie de trauma performático - o espectador é forçado a confrontar a contradição entre a narrativa do cinema e a realidade da mídia.
É um fenômeno de dissonância cognitiva estrutural.
Diego Basso Pardinho
fevereiro 26, 2025 AT 08:10Eu entendo o lado de quem se sente ofendido. Mas também acho que a gente precisa ser justo. Maria Beltrão não é o pai dela. Ela não assinou o AI-5. Ela não torturou ninguém.
Se a gente começa a julgar pessoas pelo que seus pais fizeram, a gente nunca vai avançar. A gente vai viver num mundo onde ninguém pode ser perdoado, ninguém pode mudar.
Se ela está sendo escolhida por mérito, isso é o que importa. O passado de sua família é triste, mas não define ela.
Deixe ela apresentar. E se ela fizer bem, que ela seja celebrada. Se fizer mal, que seja criticada por isso. Não pelo nome do pai.
André Romano Renon Delcielo
fevereiro 27, 2025 AT 13:09ah sim, claro, porque o pai dela assinou um papel que já tá morto há 40 anos, então ela tá com a culpa no ombro? brabo.
se o filme tá indicado, é porque ele é bom. se ela tá apresentando, é porque ela é boa. se você tá chorando por isso, é porque você tá procurando drama na internet.
deixa a Globo fazer o que ela faz melhor: vender drama e depois fingir que tá fazendo justiça.
eu já tô cansado de ver gente se martirizando por causa de um nome. pô, o pai dela morreu. ela não é o AI-5.
se quiser protestar, vá lá e cante o hino nacional com o dedo no meio. mas não fique aqui fazendo drama de rede social.
Rafael Oliveira
fevereiro 28, 2025 AT 04:41Essa é a falácia da culpa por associação. Mas não é só isso. É a falácia da neutralidade moral. Ninguém é neutro. A escolha de Maria Beltrão é um ato político, sim. E ela sabe disso. Ela não é vítima - ela é parte do sistema.
Se ela fosse realmente uma pessoa de consciência, recusaria. Não por medo, mas por solidariedade. Por respeito aos que não tiveram voz.
É fácil ser competente. É difícil ser ético. E aqui, ética não é só não matar. É não se beneficiar de um silêncio que custou vidas.
Se ela aceita, ela escolheu. E isso tem peso.
Vanderli Cortez
março 1, 2025 AT 21:01Exatamente. E ela não recusou. Isso é a parte mais triste. Ela não só aceitou - ela não fez nenhum gesto de reconhecimento, de luto, de solidariedade. Nada. Só sorriu, vestiu o terno, e foi.
Quando você se recusa a reconhecer o peso histórico, você se torna parte do apagamento.
Competência não anula responsabilidade. E o Oscar não é só um prêmio. É um ritual. E nesse ritual, ela escolheu ser o símbolo da continuidade do poder, não da mudança.