Sergio Mendes: O Legado Eterno do Mestre do Samba-Jazz Internacional

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Sergio Mendes: O Legado Eterno do Mestre do Samba-Jazz Internacional
Adrielle Estheffane set 7 2024 5

A vida e a carreira de Sergio Mendes

Sergio Mendes nasceu em 1941 no bairro de Icaraí, em Niterói, e logo na infância demonstrou aptidão para a música. Aos seis anos de idade, começou a estudar piano com o objetivo de seguir carreira na música clássica. No entanto, foi durante a adolescência que Mendes se encantou pelo jazz e, posteriormente, pela bossa nova, levando-o a mudar de rumo na carreira. Aos 16 anos, já se apresentava com seu amigo Tião Neto no bar Petit Paris, ainda em Icaraí, antes de se mudar para Copacabana, onde teria contato com figuras icônicas da música brasileira.

Na fervilhante cena musical do Beco das Garrafas, em Copacabana, Mendes se destacou ao lado de ícones como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell. Foi nesse ambiente efervescente que ouviu pela primeira vez o sucesso 'Mas que nada', de Jorge Ben Jor, que se tornaria a sua música mais emblemática. A força dessa canção impulsionou Mendes e seu grupo Brasil '66 ao estrelato internacional, consolidando sua carreira nos Estados Unidos. O álbum 'Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66' teve uma recepção calorosa e pavimentou o caminho para uma série de sucessos subsequentes.

O estrelato internacional

Nos anos 1960, com a intensificação da instabilidade política no Brasil pós-golpe militar de 1964, Mendes optou por se mudar definitivamente para os Estados Unidos. Lá, ele encontrou um terreno fértil para sua música, colaborando com artistas mundialmente renomados como Frank Sinatra. A amizade e colaboração com Sinatra foram pontos altos de sua carreira, levando Mendes a participar de duas turnês ao lado da lenda americana. Durante esse período, Mendes estabeleceu um recorde impressionante: ele se tornou o artista brasileiro com o maior número de entradas nos charts Top 100 dos Estados Unidos, alcançando 14 aparições, incluindo o icônico 'Mas que nada' em 1966 e 'Olympia' em 1984.

Outro marco significativo foi a versão bossa nova de 'The Look of Love' em 1967, que consolidou seu nome no cenário musical global. Em 1982, Mendes mais uma vez conquistou o público com a canção 'Never Gonna Let You Go'. Esses sucessos não somente firmaram a presença de Mendes no cenário musical, mas também ajudaram a introduzir a música brasileira a um público mais amplo e diversificado.

Uma vida de concertos e colaborações

Residindo em Los Angeles por mais de seis décadas, Mendes manteve uma vida rica em colaborações e performances. Ele se casou com a cantora Gracinha Leporace, que ingressou em sua banda nos anos 1970. Fluentes intérpretes da música brasileira, o casal deixou uma marca profunda na cultura musical, frequentemente trazendo novas estrelas em ascensão para o palco. Mendes sempre deu espaço para jovens compositores brasileiros, como Carlinhos Brown e Guinga, destacando seu talento e contribuindo para a perpetuação da música brasileira no cenário mundial.

Em 2006, Mendes revisitou seu grande sucesso 'Mas Que Nada' com a colaboração do grupo americano de hip-hop Black Eyed Peas. Essa reinterpretação moderna não só trouxe a canção de volta às paradas, como também aproximou novas gerações da sua música. O sucesso dessa versão levou Mendes a se apresentar na comemoração de Ano Novo em Ipanema e, em 2015, a subir ao palco do Rock in Rio ao lado de Carlinhos Brown.

Legado e memória

Legado e memória

Em homenagem aos seus 80 anos, foi produzido o documentário 'Sérgio Mendes: No Tom da Alegria' pela HBO, um tributo que celebra sua carreira e legado. No filme, Mendes recorda sua infância, os seus primeiros passos na música, e o crescimento estrondoso de sua carreira internacional. Momentos curiosos, como a reunião com o ator Harrison Ford, que trabalhou em sua casa como carpinteiro antes de alcançar a fama, também foram retratados, revelando um lado humano e inesperado da vida do músico.

A morte de Sergio Mendes no dia 6 de setembro de 2024, em Los Angeles, aos 83 anos, marca o fim de uma era. Ele foi um verdadeiro embaixador da música brasileira no exterior, responsável por uma fusão única de estilos que encantou audiências ao redor do mundo. Embora a causa específica de sua morte não tenha sido divulgada, a família revelou que ele vinha enfrentando problemas respiratórios desde o final de 2023.

Sergio Mendes deixa um legado ímpar na música internacional, sendo sempre lembrado como uma ponte que uniu o Brasil e o mundo através da sua arte. Que sua música continue ressoando e inspirando novas gerações de músicos e fãs.

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Adrielle Estheffane

Sou jornalista especializada em notícias diárias do Brasil. Gosto de explorar e escrever sobre eventos atuais e suas implicações na sociedade. Minhas reportagens buscam informar e provocar reflexão nos leitores, sempre com um olhar crítico e detalhado.

5 Comentários

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    Pedro Henrique

    setembro 9, 2024 AT 06:19
    Lembro de ouvir 'Mas que nada' na casa da vó, ela dançava como se tivesse 20 anos. Essa música é tipo um hino nacional disfarçado de bossa nova.

    Ninguém no mundo entende o Brasil como ele entendeu.
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    Gabriel Melo

    setembro 10, 2024 AT 20:47
    Sergio Mendes foi muito mais que um músico - foi um filósofo do som, um arquiteto da alegria que construiu pontes entre o samba e o jazz com a mesma delicadeza com que um poeta escreve um verso. Ele não apenas tocou instrumentos, ele tocou as almas. Aquele momento em que 'Mas que nada' virou um hino global? Foi como se o Brasil tivesse finalmente sido ouvido, não como exótico, mas como essencial. E ele fez isso sem gritar, sem politicagem, só com a pureza do ritmo e a sabedoria de quem sabe que a música é a língua mais verdadeira que a humanidade já inventou.

    Hoje, quando vejo jovens dançando ao som de 'Mas que nada' remixado, lembro que a cultura não morre - ela só se transforma. E ele foi o alquimista que transformou o samba em ouro.
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    Silva utm

    setembro 12, 2024 AT 00:15
    ELES TÁ FALANDO QUE ELE MORREU DE PROBLEMA RESPIRATÓRIO?? 😒 SERÁ QUE NÃO FOI O GOVERNO QUE NÃO DEU APOIO PRA MÚSICA BRASILEIRA? 🤔 A GENTE TÁ VENDO TUDO ISSO PORQUE ELE TAVA NO EUA, SE TIVESSE TIDO DINHEIRO AQUI NÃO TAVA TUDO ISSO! 🇧🇷💔 #SergioMendesÉNACIONAL
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    Cris Teixeira

    setembro 13, 2024 AT 19:01
    É interessante como a mídia internacional retrata Sergio Mendes como um 'embaixador cultural', enquanto no Brasil ainda há quem considere a bossa nova uma música de 'elite'. A verdade é que ele democratizou a nossa música sem perder sua essência - algo que poucos conseguem fazer.

    A colaboração com os Black Eyed Peas foi um ato de coragem, não de comercialização. Ele não vendeu a alma, ele ensinou o mundo a ouvir com o coração.

    E a menção a Harrison Ford como carpinteiro? Isso não é curiosidade, é uma lição de humildade. Ele nunca esqueceu de onde veio - e isso, mais do que qualquer prêmio, é o que o torna imortal.
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    Kim Dumont

    setembro 14, 2024 AT 12:26
    Sergio Mendes me ensinou que a música não precisa de fronteiras.

    Quando eu tinha 12 anos, ouvi 'The Look of Love' pela primeira vez e senti que o mundo era maior do que minha cidade.

    Ele não só trouxe o Brasil para o mundo - ele trouxe o mundo para o Brasil.

    E se você ainda acha que música brasileira é só samba e axé, você não ouviu direito.

    Ele foi o primeiro a mostrar que a alegria tem ritmo, e esse ritmo não tem nacionalidade.

    Obrigado, Mestre.

    A música não morre. Ela só espera alguém tocar de novo.

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