Você já ouviu falar em habeas corpus e ficou com a sensação de que é um termo complicado? Na verdade, é um dos instrumentos mais simples e poderosos do nosso sistema jurídico: ele serve para proteger a liberdade de alguém que está sofrendo prisão ilegal ou qualquer restrição de liberdade que não siga a lei.
O nome vem do latim ""corpus"", que significa corpo. O objetivo é garantir que ninguém fique preso sem que haja justificativa legal. O pedido pode ser feito por quem está preso, por familiares, advogados ou até pelo Ministério Público.
Ele cabe em situações como prisão preventiva sem provas suficientes, abuso de autoridade, excesso de prazo na investigação ou quando a autoridade que decretou a prisão não tem competência. Também funciona para evitar medidas coercitivas que afetem a liberdade, como internação involuntária ou interdição de bens que impliquem restrição de locomoção.
O importante é que o pedido seja bem fundamentado: é preciso apontar a ilegalidade ou abuso e apresentar provas ou indícios que sustentem a alegação. O juiz analisa o pedido de forma rápida – normalmente em até 48 horas – porque a liberdade da pessoa está em jogo.
Nos últimos meses, alguns casos ganharam destaque nos noticiários. Por exemplo, o ex‑assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, declarou ser preso político e solicitou habeas corpus no STF, alegando tortura e ilegalidade na sua detenção. O pedido trouxe à tona discussões sobre o limite da prisão preventiva e o uso de medidas restritivas após a liberdade.
Outro caso ilustra como o habeas corpus pode ser usado fora do universo político: atletas e celebridades podem enfrentar processos que ameaçam sua liberdade, e o instrumento pode ser acionado para evitar prisões precipitadas. O importante é que qualquer cidadão, independentemente da fama, tem esse direito garantido pela Constituição.
Se o pedido for aceito, o juiz pode conceder a liberdade imediatamente, determinar a revisão da prisão ou impor medidas alternativas, como monitoramento eletrônico. Quando o pedido é indeferido, ainda cabe recurso ao tribunal superior, garantindo que a decisão seja revisada por outra instância.
Na prática, isso significa que o habeas corpus funciona como um freio contra abusos. Ele impede que a justiça seja usada como ferramenta de perseguição e protege o princípio da presunção de inocência, que está na base de todo o ordenamento jurídico brasileiro.
Por isso, se você ou alguém próximo está enfrentando uma prisão que parece injusta, a primeira atitude deve ser procurar um advogado e avaliar a possibilidade de entrar com um habeas corpus. O processo pode ser simples, mas a rapidez da resposta faz toda a diferença.
Em resumo, o habeas corpus não é só um termo técnico; é um direito constitucional que garante a todos a possibilidade de contestar uma prisão indevida. Entender quando e como usá‑lo pode fazer a diferença entre permanecer preso ou recuperar a liberdade em poucos dias.
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para 29 de agosto de 2024 o julgamento do habeas corpus do ex-jogador de futebol Robinho, condenado por estupro coletivo na Itália. O caso envolve a decisão das cortes brasileiras sobre a execução da pena no Brasil. Robinho está impedido de sair do país desde março de 2023, quando entregou seu passaporte ao STJ.
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