O enigma da morte de 'Professor' no coração do Comando Vermelho
Era madrugada de sábado, 1º de junho de 2025, quando uma notícia balançou as estruturas do tráfico de drogas no Rio: Fhillip da Silva Gregório, apelidado de 'Professor', foi encontrado morto com um tiro na cabeça no Complexo do Alemão. Sem qualquer operação policial ou tiroteio acontecendo na área naquele momento, a pergunta paira no ar: o que realmente aconteceu?
Segundo a versão da namorada, única testemunha da cena, 'Professor' estava enfrentando uma batalha silenciosa contra a depressão e o alcoolismo. Ela afirmou que ele se suicidou após uma crise, entregando voluntariamente a arma para a polícia. Mas quem conhece o histórico do tráfico carioca sabe que nem tudo é tão simples quanto parece.
O braço forte do Comando Vermelho no tráfico de armas e drogas
'Professor' era mais do que só um soldado do crime. Ele era conhecido como o cérebro logístico da maior facção criminosa do Estado, cuidando de tudo que envolvia fornecimento de armas, drogas e munições para os chefes do Comando Vermelho. Seu território de atuação ia de Seropédica ao Complexo do Alemão e Nova Brasília. Foi graças à sua habilidade em negociações, manipulação de rotas e contatos que ele se tornou o elo vital entre fornecedores e chefes do CV.
Interceptações telefônicas feitas pela polícia trazem detalhes desse poder: Professor supostamente comandava remessas milionárias de cocaína e articulava acordos com policiais militares. Não era incomum que dinheiro sujo circulasse por suas mãos, alimentando o esquema de corrupção que sustenta o tráfico no Rio. O nome dele também aparece nos arquivos de investigações de lavagem de dinheiro e homicídios que movimentam o submundo.
- Em 2012, ele já planejava rotas para financiar operações, tendo sido flagrado pela polícia com livros-caixa listando cifras e nomes ligados ao tráfico na Nova Brasília.
- Três anos depois, em 2015, foi pego em uma batida em Seropédica, que resultou na apreensão de 100 kg de cocaína prontos para abastecer morros cariocas.
- Mesmo com passagens pela cadeia, conseguiu fugir em 2018, sendo foragido desde então e alvo de diversos mandados por crimes que vão do tráfico ao homicídio.
Estranhamente, para alguém tão importante no organograma do crime, sua morte aconteceu sem o ruído típico de execuções ou acerto de contas. Não há, até o momento, provas de conflito entre facções ou emboscadas por parte de rivais.
Agora, a polícia se debruça sobre balística, perícias e depoimentos, tentando decifrar se o fim do Professor foi resultado da pressão de liderar operações sob constante ameaça ou se há um novo capítulo de traições internas dentro do próprio CV. O que é certo: a morte desse personagem abala estruturas e pode desencadear disputas por territórios – com consequências imprevisíveis para a rotina dos moradores das comunidades envolvidas.