Trump desafia Lula: a vantagem americana nas negociações pós-ONU

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Trump desafia Lula: a vantagem americana nas negociações pós-ONU
Adrielle Estheffane set 24 2025 18

Um encontro rápido, mas carregado de significado

Durante o plenário da 80ª Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro de 2025, Donald Trump dedicou cerca de dois minutos ao Brasil. O discurso foi breve: elogiou a "excelente química" que teria sentido ao cumprimentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por, no máximo, 39 segundos. O gesto de apertar as mãos e o convite para uma nova reunião, que ocorreria na semana seguinte, pareciam sinal de abertura diplomática.

Entretanto, a mensagem continha duas facetas distintas. Enquanto Trump falava de admiração, também criticava políticas internas brasileiras, acusando o país de ameaçar liberdades e perseguir cidadãos. Mais impactante foi a defesa das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros – medida que ele justificou como reação a "esforços sem precedentes" de interferência nos direitos americanos.

Estratégia de pressão e o dilema de Lula

Estratégia de pressão e o dilema de Lula

A postura de Trump revela uma estratégia de negociação baseada em pressão econômica. Ao oferecer diálogo, ele mantém as tarifas como alavanca, forçando o Brasil a aceitar condições que pareçam vitória para sua administração. Para o governo brasileiro, a situação se assemelha a um tabuleiro de xadrez onde as peças são movidas por interesses comerciais mais que por afinidade política.

O Ministério das Relações Exteriores, representado por Mauro Vieira, indicou que a próxima conversa provavelmente será feita por telefone ou videoconferência. No Planalto, porém, há cautela. A imprevisibilidade de Trump lembra o episódio de fevereiro, quando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi humilhado ao vivo por ele. Diplomaticamente, o Brasil teme repetir esse constrangimento.

Outro ponto que complica a relação é o apoio de Lula à candidata Kamala Harris nas eleições americanas de 2024 e suas críticas abertas a Trump, rotulando-o de fascista. Essas declarações geraram ressentimento em Washington e criaram um clima de desconfiança que agora precisa ser gerido.

Com as novas medidas retaliatórias contra autoridades brasileiras e as tarifas ainda em vigor, a iniciativa de Trump chega num momento de força. O Brasil, por sua vez, busca uma abordagem pragmática: manter a eficácia nas negociações e assegurar que não haja perdas significativas para a economia nacional.

Para Lula, o desafio é duplo: proteger os interesses econômicos sem parecer submisso e, ao mesmo tempo, evitar humilhações públicas que possam enfraquecer sua posição interna. O próximo encontro será, portanto, uma espécie de teste: será possível encontrar um meio‑termo que satisfaça ambas as partes, ou o Brasil será arrastado para um “armadilha diplomática” cuidadosamente planejada?

Enquanto isso, analistas acompanham de perto os desdobramentos. A expectativa é que, se houver concessões, elas venham acompanhadas de contrapartidas para o Brasil, como reduções de barreiras não‑tarifárias ou acordos setoriais. Caso contrário, o país pode optar por diversificar parceiros comerciais, reduzindo a dependência do mercado norte‑americano.

O cenário internacional ainda está em formação, e cada movimento de Trump tem repercussões imediatas nas relações multilaterais. O que fica claro é que a diplomacia brasileira precisará de flexibilidade e rapidez para responder a um presidente que mistura elogios públicos com pressões econômicas intensas.

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Adrielle Estheffane

Sou jornalista especializada em notícias diárias do Brasil. Gosto de explorar e escrever sobre eventos atuais e suas implicações na sociedade. Minhas reportagens buscam informar e provocar reflexão nos leitores, sempre com um olhar crítico e detalhado.

18 Comentários

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    Wendelly Guy

    setembro 26, 2025 AT 06:51
    Cara, só de ver o Trump falando em "química" já dá pra saber que é pura pechincha. Ele tá só tentando enroscar o Lula pra ganhar tempo enquanto as tarifas continuam.
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    Fábio Lima Nunes

    setembro 27, 2025 AT 15:19
    Aqui está o cerne da questão: a diplomacia moderna não é mais sobre alianças ou ideologias, é sobre poder de barganha. Trump entende isso perfeitamente - ele não quer um acordo, ele quer um *espectáculo* de submissão. O Brasil, por sua vez, está preso entre a necessidade de manter o mercado americano - que absorve 20% das nossas exportações - e a dignidade nacional. E isso não é só política, é economia, é soberania, é identidade... e se não tivermos coragem de dizer isso em voz alta, vamos continuar sendo tratados como um país de terceira categoria, mesmo com o maior biodiversidade do planeta e uma das economias mais resilientes da América Latina. O que estamos esperando? Uma carta de recomendação do Departamento de Estado?
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    OSVALDO JUNIOR

    setembro 28, 2025 AT 16:24
    TÁ VENDO ISSO AÍ? ELES QUEREM NOS ENFORCAR COM TARIFAS E AINDA QUEREM QUE A GENTE APLAUDA O DISCURSO DELES?! BRASIL NÃO É PAÍS DE CACHORRO! SE ELES QUEREM GUERRA COMERCIAL, VAMOS DAR A ELES UMA GUERRA DE SOBERANIA! VAMOS VENDER SOJA PRA CHINA, CARNE PRA ÍNDIA E CAFÉ PRA RÚSSIA! E QUE ELES FIQUEM COM OS SEUS 50% DE TAXA E O SEU EGO DE CRIANÇA!
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    Luana Christina

    setembro 30, 2025 AT 04:11
    É tão triste, realmente... ver como a humanidade ainda se permite ser governada por figuras que operam sob o paradigma do medo e da humilhação. Trump não negocia - ele *performa*. E Lula, com toda a sua sabedoria ancestral, está sendo forçado a dançar na corda bamba entre a ética e a sobrevivência econômica. Que peso imenso para um líder que só quer paz... e respeito.
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    Leandro Neckel

    setembro 30, 2025 AT 09:03
    Lula tá se achando diplomata, mas é só um palhaço que acha que elogio é acordo. Trump não quer conversa, ele quer um vídeo viral do Lula dizendo "senhor presidente, o senhor está certo". E o pior? A imprensa brasileira tá ajudando a vender essa farsa como se fosse vitória.
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    Patrícia Gallo

    outubro 1, 2025 AT 20:39
    Eu acho que a gente precisa parar de ver isso como um confronto entre dois homens e começar a ver como um sistema. Trump representa um modelo de poder que não se baseia em regras, mas em caos controlado. Lula está tentando manter a estabilidade num mundo que já não segue regras. O Brasil não precisa "vencer" nisso - precisa sobreviver. E pra isso, talvez o melhor movimento seja não reagir ao que é feito, mas construir algo que faça a reação deles não importar mais. Diversificação, sim. Alianças com Ásia, África, América Latina. Isso é o futuro. E não é só política - é economia, é tecnologia, é educação. É isso que a gente tem que investir, não só em discursos.
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    Murillo Assad

    outubro 3, 2025 AT 05:10
    Haha, então o Trump tá fazendo o papel do vilão e o Lula tá tentando ser o herói que não quer lutar? Amigo, isso é o clássico "faz de conta que não tá vendo a faca na sua costas". Mas olha, se o Brasil não fizer nada, vai ser pior. O que a gente precisa é de um plano B com gás, e não só de belas palavras. Vamos nos mexer, né? O mundo tá mudando, e o Brasil tá sentado no sofá esperando o vizinho dar um tapa na cabeça.
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    Marcos Suliveres

    outubro 4, 2025 AT 11:13
    Trump tá usando o Lula como um troféu pra mostrar pro mundo que ele ainda tem poder... e o Lula tá deixando. 😔 Se fosse o Bolsonaro, já tinha mandado o Trump se ferrar e publicado um vídeo no TikTok com a bandeira nacional no fundo. Mas não, o Lula quer ser o cara "sábio"... e aí vira o cara que aceita o tapa com sorriso. #LulaCaraDePau
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    João Paulo Moreira

    outubro 6, 2025 AT 08:35
    eles ta botando taxa de 50% e o lula ta falando de quimica? isso e tipo o cara te bater e pedir pra voce elogiar o soco. nao da pra acreditar q ainda tem gente acreditando nisso
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    Bruno Pacheco

    outubro 6, 2025 AT 17:30
    todo mundo fala de tarifa mas ninguem fala que o brasil ta perdendo espaço no mercado americano por causa da burocracia e da falta de qualidade de alguns produtos... e agora vem o trump e põe a culpa no brasil? isso e hipocrisia pura mas a gente tambem nao e santos
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    renato cordeiro

    outubro 8, 2025 AT 13:26
    A postura do Presidente Trump, embora aparentemente beligerante, revela uma lógica de negociação baseada em teoria dos jogos, particularmente no equilíbrio de Nash. A estratégia de manter tarifas como instrumento de coerção, ao mesmo tempo em que oferece um canal de diálogo, configura um dilema do prisioneiro invertido: o Brasil, ao aceitar a negociação, legitima a hegemonia econômica norte-americana, enquanto a recusa potencializa a perda de mercado. O desafio, portanto, não é meramente diplomático, mas epistemológico: como manter a soberania em um sistema global que opera sob a lógica da assimetria de poder?
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    Gessica Ayala

    outubro 8, 2025 AT 20:13
    Acho que o que tá faltando aqui é um novo paradigma de relação. Não é mais sobre quem tem mais poder, mas quem constrói mais valor. Se o Brasil quer sair dessa armadilha, precisa deixar de ser só um fornecedor de commodities e começar a vender soluções: tecnologia agrícola sustentável, bioeconomia, certificação de carbono. Aí o Trump não vai conseguir usar tarifas como chicote - porque a gente vai ser o único que tem o que ele precisa. E ele vai ter que negociar de igual pra igual. E sim, isso é possível. Só precisa de coragem, não de discurso.
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    Mario Lobato da Costa

    outubro 10, 2025 AT 08:48
    se o lula fosse homem de verdade, já tinha botado o exército na fronteira e mandado o trump se fuder. mas ele prefere falar de quimica e deixar o brasil ser roubado. esse pais ta no lixo
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    Leonardo Rocha da Silva

    outubro 11, 2025 AT 15:05
    Eu só queria que alguém me explicasse por que a gente ainda acha que um cara que chamou o Zelensky de "mentiroso" no meio da guerra é alguém com quem a gente pode ter "diálogo"... isso não é diplomacia, isso é autossabotagem emocional. E o pior? A gente tá se sentindo orgulhoso por ter sido "cumprimentado". Meu Deus...
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    Fabio Sousa

    outubro 11, 2025 AT 21:53
    Pessoal, vamos parar de ver isso como uma guerra e começar a ver como um jogo de xadrez. Trump é o cara que joga rápido, Lula tá pensando 5 lances à frente. O que importa não é o aperto de mão, é o que vem depois. Se o Brasil fizer um acordo com a China, a Índia e a África do Sul, as tarifas não vão importar. O que falta é coragem pra agir, não pra falar. Vamos nos organizar, não reclamar.
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    Thiago Mohallem

    outubro 12, 2025 AT 04:50
    Lula tá se achando mais esperto que o Trump mas na verdade tá sendo usado. Trump não quer acordo, quer um vídeo de Lula agradecendo. E o Brasil tá cagando para isso porque tá acostumado a ser submisso. Fim da história.
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    Gabrielle Azevedo

    outubro 13, 2025 AT 15:29
    Acho que o mais preocupante não é o Trump, é a nossa reação. Nós nos tornamos tão dependentes da narrativa americana que até nossas críticas parecem pedir validação. O problema não é o discurso dele - é o fato de que ainda nos importamos com ele.
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    Camila Costa

    outubro 14, 2025 AT 05:11
    tarifa 50 por cento e eles falam de quimica? isso e brincadeira de mau gosto. o brasil tem que responder com tudo. se eles querem guerra economica, vamos mandar os nossos produtos pra todo mundo menos eles. e deixar os americanos comerem soja do paraguai e carne da argentina

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